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Quando paciente e médico aceitam o modelo de telemedicina, a sessão tem excelente resultados
Antes da pandemia de coronavírus, alguns países, como os Estados Unidos, já vinham experimentando o modelo virtual para o atendimento de pacientes com os mais diversos problemas. No Brasil, a disseminação da telemedicina se deu com a implantação da quarentena e das medidas de prevenção à Covid-19, entre elas o distanciamento social.
Muita gente tem me perguntado se a modalidade online funciona para as especialidades que cuidam da saúde mental: a psiquiatria, a psicanálise e a psicologia. Eu diria que o que importa, nesse caso, é menos a especialidade médica e mais a relação que se estabelece entre médico e paciente.
Oitenta por cento do sucesso de uma consulta, seja ela virtual ou presencial, deve-se à confiança que o paciente deposita no médico e a empatia que se estabelece entre médico e paciente. Essa empatia não é ensinada nos cursos universitários. Tampouco se aprende na residência médica ou nos treinamentos e estágios dos quais o estudante participa. Ela está ligada à personalidade do profissional da saúde.
A telepsiquiatria e a teleterapia envolvem dinheiro? Sim, afinal, somos profissionais e, portanto, a prestação de nossos serviços tem um valor. Envolvem conhecimento? Claro, somos especialistas. Envolvem amor, ética? Sim, envolvem tudo isso. É a partir desse conjunto de coisas, somadas à empatia e à confiança, que se faz o encontro entre médico e a pessoa que está buscando auxílio.
Quando falamos de profissionais que cuidam de doenças mentais, demonstrar compaixão, ajudar o paciente a acalmar os seus medos e angústias e dar esperança a quem precisa de ajuda é tão importante quanto o conhecimento técnico, porque muita gente que procura um psiquiatra, um psicoterapeuta ou um psicanalista também busca conforto e respeito. E essas são coisas possíveis de transmitir presencial ou virtualmente.
É importante frisar que não é todo médico, assim como não é todo paciente, que se adapta a esse modelo à distância, seja porque não tem familiaridade com a tecnologia que permite os encontros remotos, seja porque simplesmente não gosta.
Mas quando ambos aceitam esse modelo de atendimento, a sessão tem excelente resultados, até porque a pandemia trouxe desafios para o profissional de saúde mental que antes atendia presencialmente. Imagine uma sessão presencial em que médico e paciente estão de máscara. Fica mais difícil, na minha opinião, discernir detalhes aos quais temos de estar atentos, como um sorriso irônico ou um mais triste.
Os resultados nessa área têm sido um sucesso. Acredito que a telepsiquiatria tenha vindo para ficar (Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental; Forbes, 26/1/21)
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