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Como vão as resoluções de Ano Novo?

Os disciplinados devem estar com as resoluções indo de vento em popa. Mas muitos, a esta altura, já ficaram apenas nas boas intenções, enquanto ainda outros aceitam nossa natureza e já nem se preocupam em fazê-las.

Mas, se você não se deu por vencido e está em busca de conselhos, as sugestões de Hirotaka Takeuchi, professor de práticas gerenciais da Faculdade de Administração Harvard (HBS, na sigla em inglês), nos Estados Unidos, e Ikujiro Nonaka, professor emérito da Universidade Hitotsubashi, no Japão, talvez sejam úteis.

Eles talvez não fossem as primeiras pessoas que você consultaria sobre questões pessoais, já que são descritos como "lendários especialistas de gestão" empresarial. É também o que diz a contracapa do livro The Wise Company: How Companies Create Continuous Innovation ("A companhia inteligente: como as empresas criam inovações contínuas", em tradução livre), publicado por eles em 2019.

Mas eles elaboraram "seis práticas que permitem aos líderes empresariais criar futuros novos e melhores", segundo contaram em um recente artigo publicado na revista Long Range Planning. E, segundo Takeuchi, essas práticas também servem para superação pessoal e do mundo em geral.

A ideia é "fornecer informações sobre como reformular estratégias para enfrentar um mundo VUCA (caracterizado pela volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade, na sigla em inglês), recentemente personificado pela pandemia".

Por isso, sem mais delongas, aqui estão as "seis práticas para ter um futuro melhor".

  1. Kata

"À medida que adquirimos a capacidade de coletar e analisar mais dados com maior rapidez, a tomada de decisões e a resolução de problemas tornam-se cada vez mais complexas", segundo afirmou Takeuchi à publicação online da HBS, Working Knowledge.

"Muitas pessoas recorrem à tecnologia para solucionar os problemas modernos, mas, quanto mais a tecnologia avança, cada vez mais raciocínio humano e criatividade são necessários para dar forma a ela e aplicá-la", segundo ele.

Mas como?

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A superação pessoal não precisa ser dolorosa, especialmente durante uma pandemia, segundo o professor Hirotaka Takeuchi

O especialista em administração recomenda algo que, em japonês, chama-se "kata", que é praticado nas escolas de artes marciais. A palavra descreve uma coreografia realizada em grupo ou isoladamente para memorizar e aperfeiçoar os movimentos que a compõem.

Recentemente, essa palavra começou a ser usada em outros ambientes, como pelos artistas e programadores de computador, para indicar exercícios que são repetidos para atingir a perfeição.

A ideia é criar uma rotina de algo continuamente necessário nos seus afazeres cotidianos, para que você possa fazer com perfeição quase sem pensar. Takeuchi sugere usar kata para manter seus pensamentos e ações sincronizados com a sua missão, seja em nível pessoal ou empresarial.

  1. Os cinco porquês

Um exemplo famoso de kata são "os cinco porquês", criados na década de 1930 por Sakichi Toyoda, fundador da Toyota, e que são usados até hoje - e não apenas na empresa automobilística que ele fundou.

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A ideia é que, quando ocorrer um problema, não vale a pena perguntar quem é o responsável, nem procurar culpados. O importante é determinar as causas fundamentais dos problemas. Isso talvez seja mais fácil de compreender em nível empresarial, pois a maioria das empresas dedica tempo para estabelecer sua missão, visão e valores. Mas Takeuchi destaca que poucas pessoas conseguem verbalizar algo assim em nível pessoal.

Para isso, ele sugere que você responda a três perguntas que não são nada fáceis:

  • Por que você nasceu? (missão)
  • Que tipo de futuro você quer criar? (visão)
  • O que você valoriza profundamente? (valores)
  1. Considere ambos ('e')

Existe uma tendência, em especial no Ocidente, de pensar nas coisas em termos de "isso ou aquilo", mas os problemas raramente são tão claros, segundo afirmou Takeuchi à HBS.

"Essa tradição intelectual", segundo escrevem Takeuchi e Nonaka, "reflete-se nos debates sobre o dualismo, como mente contra o corpo, sujeito contra objeto, racionalidade contra empirismo, materialismo contra idealismo e muitos mais".

"Em administração, ele é representado por debates sobre máquinas contra seres humanos, análise contra intuição, valor econômico contra social, uso contra exploração, egoísmo contra altruísmo etc.", segundo ele.

Legenda: Nem um, nem outro... ambos! Getty Images

Se, em vez de pensarmos em "isso ou aquilo", treinarmos a mente para pensar em "isso e aquilo, ou ambos", o resultado pode ser uma compreensão do mundo através da lente da unidade, na qual o que é bom para a pessoa ou a empresa também é bom para a sociedade.

  1. Ler para compreender

A empatia é um ingrediente essencial para manter relações saudáveis, seja com clientes, usuários ou com alguém influente, disse Takeuchi à HBS. E uma das melhores formas de "treinar o músculo da empatia" é ler, pois a leitura permite que você se coloque no lugar de outra pessoa.

  1. Aprenda com os melhores

Os coautores defendem que a narração de histórias é a forma mais eficaz de comunicar ideias e promover a compreensão.

Legenda: Getty Images: Ler é altamente recomendado

"As histórias se transformam em um prisma através do qual vivem os seres humanos", segundo Nonaka e Takeuchi. E "o poder da retórica é algo que podemos aprender", segundo Takeuchi disse à HBS.

Recomenda-se ouvir (ou ler) os 10 melhores discursos de todos os tempos ou as 10 palestras TED mais populares da sua história.

  1. O ar livre

O último conselho de Nonaka e Takeuchi, basicamente, é ter o céu como teto com frequência. Para eles, conectar-se à natureza aumenta nossa avaliação da necessidade de viver em harmonia com ela.

E eles não se referem apenas a passeios no parque. Quando eles viajam para o exterior, sempre visitam algum mercado de rua, "pois é ali que se vê a vida real".

Takeuchi recomenda especialmente começar a praticar uma atividade de alta energia ao ar livre este ano. Para ele, o ideal é esquiar. "Não existe nada como descer pela montanha a toda velocidade", afirmou ele à HBS (BBC Brasil, 9/2/22)

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